CURTA ANÁLISE DE ALGUNS IMPACTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DA EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NA AMAZÔNIA.
Resumo
O petróleo possui um alto valor estratégico na economia mundial representando grande parte da matriz energética brasileira. No Brasil a exploração de petróleo iniciou-se no início do século XX, mas as maiores explorações começaram apenas em 1953 quando Getúlio Vargas criou a empresa estatal Petrobras. Essa empresa desenvolve todas as atividades do setor petrolífero desde exploração e produção até refino, comercialização e transporte. A busca de petróleo na região Amazônia vem ocorrendo desde a década de 50, entretanto somente em 1986 foi encontrado petróleo na Província do Rio Urucu, onde hoje estão instaladas grandes unidades de produção e há diversos poços perfurados. Os riscos da atividade exploração de petróleo são altos e atividades como essa na região Amazônica devem ser muito bem avaliadas. Urucu é responsável pela segunda maior produção nacional no país, produzindo em média 60 mil barris de petróleo por dia e 9,5 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. A produção abastece os estados do Pará, Amazonas, Rondônia, Maranhão, Tocantins, Acre, Amapá e parte do Nordeste. Além disso, o petróleo de Urucu é de alta qualidade num país que produz basicamente óleo pesado. O presente trabalho faz uma curta análise dos impactos e da viabilidade dessa atividade na floresta. As operações em Urucu possuem certificação ISO 9001, que garante que as atividades estão dentro de padrões internacionais de qualidade. Portanto, considerando apenas exploração e produção, as atividades são consideradas viáveis, pois as tecnologias das operações são consagradas, isto é, já se mostraram viáveis em desenvolvimentos anteriores. Entretanto, do ponto de vista da gestão ambiental, vários problemas aparecem assim como descrito a seguir. Em Urucu existem 740km de dutos, sendo 600km terrestres e mais 140km submersos. A construção dos dutos exige que clareiras de 20m de largura sejam abertas na floresta. Além disso, a área desmatada para construção da base de operação, incluindo aeroporto, unidades de processamento de gás, todas as áreas de exploração, alojamentos e centros de controle chega a 300ha. Isso equivale a uma enorme área, de cerca de 500 campos de futebol. Considerando critérios ambientais e sociais, chegamos à conclusão de que a atividade exploratória na bacia do Rio Urucu é viável, pois promove um desenvolvimento importante para esta região do país. No entanto, a sociedade atual está mais exigente e intolerante quanto a assuntos relacionados ao meio ambiente. A pressão de órgãos ambientais nacionais e internacionais é grande, e a Petrobras tem intensificado a pesquisa sobre redução de riscos, pois no mercado internacional isso significa credibilidade. A empresa também tem atuado como fiscalizadora da região, evitando que outros desastres aconteçam, como por exemplo, corte ilegal de madeira e tráfico de espécies nativas. E sua base de exploração possui um Centro de Preservação da Biodiversidade, no qual mudas de espécies nativas da região Amazônica como, por exemplo, imbaúba, mata-pasto, angico e jatobá são produzidos em grande escala para que em cada clareira aberta possa ser recomposta com cobertura original. E todos os resíduos da base são enviados a unidades de tratamento de resíduos, nas quais são em geral reciclados, neutralizados e algumas vezes incinerados. Analisando materiais obtidos junto à empresa, percebe-se uma grande preocupação com relação à responsabilidade social. Em setembro de 2003, tornou-se a primeira empresa de petróleo do mundo certificada pela norma SA 8000, que trata da responsabilidade social. Há uma escola de alfabetização em Urucu e apoio a diversos projetos na região. Porém, vale lembrar que essa preocupação às vezes torna-se tendenciosa, uma vez que se trata de uma empresa privada que visa lucro, os projetos aprovados são muitas vezes de interesse comercial. De acordo com os estudantes Camila Scaranelo e Denis Shiguemoto, que visitaram Urucu no mês de janeiro, existe lá uma escola, a qual no material publicitário é exaltada como contribuição social, mas que na verdade visa diminuir o número de acidentes na base
Palavras-chave
petróleo, Amazônia, impactos